Psicofármacos – Amigos ou um bicho-papão?

Abr 22, 2025Bem-estar, Fármacos, Medicação, Psiquiatria, Saúde Mental0 comments

Os psicofármacos, também conhecidos como medicamentos psicotrópicos, são utilizados frequentemente em consulta de Psiquiatria para tratar uma variedade de perturbações mentais comuns, como a depressão, a ansiedade, a insónia, entre muitas outras. No entanto, para alguns, constituem ainda um bicho-papão e são fonte de muitos receios enraizados na sociedade. Há mitos associados a estes medicamentos que podem levar ao adiar, ou mesmo à ausência da procura de ajuda, sendo importante esclarecê-los.

 

Um dos mitos mais comuns associados a estes medicamentos é o de que os psicofármacos são “pílulas mágicas” que podem resolver fácil e rapidamente todos os problemas emocionais e mentais. Na realidade, estes medicamentos são apenas uma parte do tratamento, geralmente combinados com psicoterapia, suporte emocional e mudanças comportamentais no estilo de vida. Eles ajudam no alívio dos sintomas, mas não resolvem problemas vivenciais por si. Além disso, encontrar o medicamento certo e a dose adequada pode levar algum tempo e requer acompanhamento médico regular por um psiquiatra. Da mesma forma que a doença se instala lentamente, também o tratamento não é eficaz de um dia para o outro. Os mesmos psicofármacos podem não funcionar de igual modo para todas as pessoas, e pode ser necessário tentar medicamentos diferentes antes de encontrar o mais adequado.

 

Por outro lado, ouvimos frequentemente frases como “quem se encharca em medicamentos é fraco, não consegue ultrapassar as dificuldades sozinho”. Ideias como estas perpetuam o estigma face à doença mental e aos tratamentos psiquiátricos. A doença mental é um assunto sério, que não deve ser menosprezado, e o cérebro é um órgão vital do organismo humano que pode, naturalmente, adoecer como qualquer outro, sem poder de escolha por parte da pessoa doente.

 

Outra ideia comum é a de que os psicofármacos são viciantes. Embora alguns medicamentos possam causar sintomas de dependência física, principalmente quando usados em doses altas e durante longos períodos, a maioria dos psicofármacos não é viciante quando usada corretamente e sob supervisão médica adequada. É fundamental seguir as indicações do médico e não interromper a medicação prescrita abruptamente, mas a dependência deste tipo de substância não é uma preocupação comum.

 

Ouve-se ainda que os psicofármacos engordam e transformam as pessoas em “zombies”. De facto, alguns medicamentos podem ter efeitos secundários que afetam a cognição e o apetite, mas não devemos generalizar. Estas ideias advêm de há algumas gerações atrás, em que se usavam psicofármacos mais antigos e hoje já raramente utilizados, por terem sido criados outros mais modernos, com eficácia semelhante e perfil de efeitos secundários muito mais favorável. Nos dias que correm, felizmente, a larga maioria das pessoas que toma antidepressivos ou ansiolíticos, por exemplo, consegue manter uma funcionalidade diária e atividade laboral sem qualquer problema. Além disso, hoje dispomos de vários psicofármacos que não se associam a alterações do apetite ou do peso.

 

É essencial entender que os psicofármacos são uma ferramenta valiosa e muitas vezes indispensável no tratamento das doenças mentais. Importa lutar contra a doença e não contra o tratamento. Cada pessoa é única e todos os receios e dúvidas devem ser expostos abertamente ao médico: o objetivo é sempre, em conjunto, encontrar a melhor e mais confortável abordagem para cada pessoa.

 

-Carolina Almeida

 

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