No dia mundial da Dança queremos lembrar que dançar é mais do que arte — é autocuidado em movimento!
A dança não precisa de palco, nem de coreografia. Às vezes, basta um quarto fechado, música no fundo e um corpo que decide libertar o que sente.
E cada vez mais estudos de psicologia reconhecem o que o instinto já sabia: dançar faz bem. À mente, ao corpo, às emoções.
Neste artigo, partilhamos contigo os principais benefícios da dança para a saúde mental, com base em evidência científica. Se procuras formas acessíveis de cuidar de ti, este pode ser um bom ponto de partida.
1. Dançar reduz o stress e a ansiedade
Quando dançamos, o corpo liberta endorfinas — neurotransmissores associados ao prazer e à redução da dor. Mas não é só isso. Um estudo de Quiroga Murcia et al. (2010), publicado no American Journal of Dance Therapy, revelou que a dança está associada a níveis mais baixos de ansiedade, maior relaxamento e melhoria do humor, mesmo em pessoas sem experiência prévia em dança.
Mover o corpo de forma espontânea, em vez de ficar preso no turbilhão de pensamentos, permite regular as emoções e acalmar o sistema nervoso.
2. Melhora a autoestima e a autoexpressão
Dançar é, também, uma forma de escuta. O corpo fala — e quando lhe damos espaço para isso, aumentamos a consciência corporal e emocional.
Segundo Koch et al. (2019), num artigo publicado na Frontiers in Psychology, intervenções baseadas em dança e movimento mostraram impacto positivo em pessoas com depressão, promovendo sentimentos de vitalidade, segurança e autoaceitação.
A dança terapêutica, por exemplo, é usada em contextos clínicos para explorar emoções difíceis e reforçar a autoestima — especialmente em pessoas que têm dificuldade em verbalizar o que sentem.
3. Reforça o sentido de conexão
Dançar em grupo — mesmo que seja numa aula online — promove um sentido de pertença e ligação, o que é fundamental para a saúde mental.
Este tipo de conexão interpessoal, mediada pelo movimento sincronizado, estimula a empatia, a cooperação e até a regulação emocional coletiva.
Para quem vive no estrangeiro, longe das suas raízes, dançar músicas da sua cultura pode ser um ritual de reconexão identitária, reduzindo o sentimento de isolamento e promovendo bem-estar emocional.
4. Ajuda a lidar com burnout e fadiga emocional
Muitas pessoas em burnout relatam sentir-se “desligadas” do corpo — como se vivessem apenas da cabeça para cima.
Dançar, especialmente de forma livre e não performativa, pode ser um caminho de regresso ao corpo, ajudando a reconhecer sinais de cansaço, recuperar vitalidade e trazer de volta o prazer de estar presente.
Não precisas saber dançar. Precisas apenas de te permitir mover.
O mais bonito na dança é que não há certo ou errado. Há corpo. Há sentimento. E há movimento.
Não importa se estás a dançar numa aula, na sala de casa ou em silêncio — se te moves com presença, estás a cuidar de ti.
Se estás a atravessar um momento difícil, a dança pode ser um recurso complementar à terapia psicológica. Não substitui o acompanhamento profissional, mas pode ser uma aliada poderosa no caminho do autocuidado.
-Ana Fidalgo
Referências:
Quiroga Murcia, C., Kreutz, G., Clift, S., & Bongard, S. (2010). Shall we dance? An exploration of the perceived benefits of dancing on well-being. American Journal of Dance Therapy.
Koch, S. C., Riege, R. F. F., Tisborn, K., Biondo, J., Martin, L., & Beelmann, A. (2019). Effects of dance movement therapy and dance on health-related psychological outcomes: A meta-analysis update. Frontiers in Psychology.
Gostavas de integrar o movimento como parte do teu bem-estar emocional?
Na nossa equipa, a saúde mental é olhada com complexidade, respeito e cuidado. Se sentes que dançar pode ser um ponto de partida, ou se precisas de apoio psicológico mais profundo, estamos aqui.